D. Person: E aí Renato! Acredito que os pratos são um componente essencial da sonoridade de qualquer batera. Como tem sido a execução dos sons da It's All Red com seu novo set de pratos MEINL, já que na época da gravação você possuía um set diferente? Já foi possível notar alguma diferença na sonoridade das músicas como um todo, durante os ensaios e shows?
R. Siqueira: Antes de qualquer coisa, se engana quem pensa que meu relacionamento com a Meinl é recente. O meu primeiro set de pratos, há mais de 15 anos atrás, era Meinl, da série Meteor. Depois disso, eu sempre tive contato com os pratos da Meinl, mesmo sendo endorsee de outras marcas. Mas respondendo a sua pergunta, eu já percebi sim a diferença, a mudança é muito perceptível, principalmente na coloração das sonoridades que a Meinl oferece. A fusão entre séries é sensacional e acrescenta muito ao meu som! Sem falar no som dos pratos de efeitos, como o Classics Bell, o Byzance Flat China 18”, os Generation X China Crash 15” e Attack Stack 10”/6” que eu uso. Eu gosto tanto de pratos de efeito que tenho vontade de ter uns 10 no set, mas o problema é aonde posicionar tantos pratos!
D.Person: Seu set atual inclui pratos de praticamente todas as linhas MEINL, desde os Classics, passando pelos M10 e chegando aos Byzance e MB20. Como você chegou na definição deste excelente set?
R. Siqueira: Foi uma escolha muito criteriosa. Eu queria ter o melhor de todos os “mundos” disponíveis pela Meinl. Quando me refiro aos “mundos”, falo das diferentes ligas disponíveis entre as séries da Meinl (B8, B10, B12, B20, além dos Generation-X). Então, o que eu busquei, ao contrário daqueles que procuram casar a sonoridade dos pratos, eu busco sons distintos, para ter mais opções dentro do meu set. Por isso essa mistura de séries.
Mas para definir meu set, eu segui alguns critérios como: um ride definido, mas ao mesmo tempo versátil e com um ótimo som de cúpula: 20” MB10 Bell Blast Ride. Eu preciso de um Bell no lado esquerdo: 8” Classics Bell. Dois hi-hats que me ofereçam um som definido, mas ao mesmo tempo, que sejam diferentes entre si: MB10 14” Soundwave hi-hats e Byzance Brilliant Medium hi-hats 13”. E assim fui indo, escolhendo dedo a dedo os modelos.
D.Person: A escolha de um set versátil se deve também ao fato de você trabalhar em muitas gravações de bandas não necessariamente voltadas para o rock / heavy metal?
R. Siqueira: Eu sempre pensei no meu set como sendo necessariamente um set onde eu pudesse tocar metal, e depois gravar uma trilha sonora para teatro infantil. Eu tenho uma visão diferente da grande maioria dos bateristas de metal, que preferem pratos mais pesados. Aliás, na minha opinião pessoal, quanto mais maleável for o prato, mais ele vai soar limpo e mais ele vai agüentar porrada. Eu gosto de ter um crash mais pesado (como o Soundcaster Fusion Powerful Crash 18''), mas eu não abro mão de ter pratos mais leves no meu set (como os Byzance medium thin crash).
D.Person: O novo álbum da It’s All Red, “A Natural Processo of...” é uma verdadeira porrada! Fica claro ao longo de todo álbum que a banda busca criar um som com sua própria identidade. Ainda assim, sempre é possível identificar referências de outros grupos que praticam um estilo de som similar. Quais são as principais referências para a It’s All Red dentro do cenário heavy metal? Ouvindo o álbum da It’s All Red, me lembrei da banda sueca Soilwork, que também mescla muito bem peso e melodia, sem soar datado ou piegas.
R. Siqueira: Sempre tomo cuidado ao citar referências, porque todos na banda temos uma gama muito vasta de influências. Todos nós passamos por bandas de metal extremo há uns 15 anos atrás, e temos este estilo no nosso DNA, digamos assim. Mas ao mesmo tempo, nós também tivemos bandas de pop e de rock, e também não deixamos isso de lado. Na It’s All Red nós nunca compomos pensando se a música deve soar pesada ou lenta, nós apenas compomos. Gostamos de sons pesados, e gostamos de refrões empolgantes. Pode reparar que a estrutura de nossa música é pop, é “quadrada”!
Eu não tenho tido tempo de escutar muitas bandas novas, pois geralmente estou escutando algum trabalho que irei gravar. Mas sempre que tenho tempo escuto Killswitch Engage, Parkway Drive, All That Remains, Rammstein, Metallica, Samael, August Burns Red………. mas ao mesmo tempo, ouço estilos musicais bem distantes do metal. Eu me desafio sempre a ser criativo e a favor da música, não procurando apenas velocidade, e sim, levadas empolgantes.
D.Person: O novo álbum da It’s All Red está disponível gratuitamente no site da banda. Cerca de oito meses após o lançamento do álbum, como você avalia esta decisão? Existem planos para lançá-lo também no formato tradicional, em CD?
R. Siqueira: Nós alcançamos a marca de 80.000 downloads este mês, o que é impressionante. Mas na verdade não temos controle absoluto sobre esses números, pois existem vários links não oficiais para baixar o disco. Nosso principal objetivo é levar nossa música para o máximo de pessoas possível, em todos os lugares do mundo. Saímos no maior jornal do RS por termos alcançado mais de cinco mil downloads em mais de 40 países em apenas 30 dias, e tudo isso de forma independente e sem investimento em marketing. Existem sim planos para a prensagem deste disco, mas como nosso vocalista deixou a banda logo após o seu lançamento, devemos lançar um single com algumas músicas novas (e com a nova formação) e como bônus, o The Natural Process Of....
D.Person: Bandas que possuem irmãos em sua line-up sempre me chamam a atenção, pois o entrosamento que vem “de berço” muitas vezes acaba influenciando positivamente na sonoridade do grupo (vide exemplos como Krisiun, Sepultura, Dr. Sin, etc)! A It’s All Red parece não fugir desta regra. Como é tocar em uma banda tendo seu irmão como guitarrista?
R. Siqueira: Meu irmão começou a carreira junto comigo, até nosso primeiro show foi junto. Aliás, ele é baixista, e depois de produzir a It’s All Red é que ele entrou na banda como guitarrista! Ele toca baixo muitíssimo bem, e lembro muito de passarmos as tardes tocando juntos, só baixo e bateria. Tocávamos Rush, Dream Theater, Metallica, Iron Maiden, etc. Nosso entrosamento é muito natural, passamos por muitas bandas dos mais variados estilos juntos. Além disso, tudo, ele é um produtor competentíssimo, sabe captar o som da minha bateria como ninguém! 90% das gravações que eu faço foram produzidas por ele, e eu nem preciso explicar como quero o som da batera, ele sempre sabe como me fazer soar melhor.
D.Person: Qual foi a música do álbum “The Natural Processo of...” que deu mais trabalho na hora de gravar? Por que?
R. Siqueira: Eu me preparei bem para gravar este disco, gravei todo o CD em cerca de 8 horas apenas, gravando dois ou três takes de cada música e pronto. A música mais difícil pra mim foi a The Yellow Bullshit Road, com certeza pelo fato de ela ter sido a última a ser composta para o disco e foi a que eu tive menos tempo de ensaiar. Ela possui muitas variações de andamentos, viradas, blast beats e foi uma música em que eu procurei usar ao máximo o meu vocabulário musical, mas sempre pensando no que a música pede.
D.Person: Quais são os planos de 2011 para a It’s All Red?
R. Siqueira: Nós já estamos trabalhando em novas músicas, vamos gravá-las e lançá-las com o TNPO como bônus. Também pretendemos fazer ainda mais shows para poder divulgar nosso trabalho, já que o TNPO não foi devidamente divulgado, já que o vocalista deixou a banda um mês após lançarmos o CD.
D.Person: Renato, muito obrigado por este bate papo! Espero que nossas bandas se cruzem em breve aí pela estrada. O espaço agora é seu, para falar o que quiser. Abração!
R. Siqueira: Eu que agradeço o espaço e a ótima entrevista! Com certeza nos encontraremos pela estrada. Parabéns pela iniciativa e pelo blog, e quero dizer que é uma honra fazer parte da família Meinl e colaborar com o blog. Vou mandar um vídeo novo com os Meinl (clique aqui).
Ghost Notes
1. Gravação de batera da qual você mais se orgulha de ter feito (uma música apenas): All Is Full Of Red, do último álbum da It’s All Red
2. Álbum que mudou sua vida: São tantos......mas lembro que quase 20 anos atrás, quando ouvi o Moving Pictures do Rush, enxerguei caminhos que ainda não tinha descoberto na bateria.
3. Álbum que tem ouvido recentemente: Não consigo parar de escutar o Overcome, do All That Remains
4. Meinl cymbal preferido: Tem que ser só um??? Adoro o Generation X China Crash 15”
5. Ídolo na batera: São dois os bateras que mais me influenciaram no começo da minha carreira e até hoje influenciam: Ringo Star e Lars Ulrich
Renato Siqueira MEINL set:
Byzance Brilliant Medium Hi-Hat 13"
Byzance Jazz Splash 10"
Byzance Traditional China 16"
Classics Bell Low 8"
MB10 Medium Crash 16"
Generation X Attack Stack 6"/10"
Sundcaster Fusion Powerful Crash 18"
Byzance Traditional Flat China 18"
MB10 Bell Blast Ride 20”
MB10 Soundwave Hi-Hat 14"
Generation X China Crash 15"
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